sábado, 11 de março de 2017

Bloqueio israelense da Faixa de Gaza: comparação entre as coberturas da imprensa brasileira e egípcia

O porta-voz de mídia da Agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos (UNRWA) em Gaza, Adnan Abu Hasna, considera que nos últimos dez anos a situação humana em Gaza foi de mal em pior. 
“As taxas de desemprego devido ao bloqueio israelense aumentaram gradualmente de 25% antes de 2006 para 45% atual e a pobreza chegou a mais de 50%”, explicou à Efe.

Do Opera Mundi e Caros Amigos:

Bloqueio israelense a Gaza 'asfixia' palestinos e é 'castigo coletivo', diz Ban Ki-moon na Palestina 
“O bloqueio a Gaza asfixia seus residentes, destrói sua economia, é um castigo coletivo e impede as operações de reconstrução”, disse o secretário-geral da ONU à imprensa numa escola em Gaza. Ele pediu o fim do bloqueio e defendeu que “se devem exigir responsabilidades” pela medida, em vigor desde 2007. 
“Devemos falar abertamente das inaceitáveis dificuldades que o povo de Gaza enfrenta pela humilhação, a ocupação e o bloqueio, assim como a divisão [do território palestino] entre a Faixa e a Cisjordânia”, declarou Ban Ki-moon.

Do Ultimo Segundo (Raphael Gomide), do IG:

Bloqueio arruinou economia de Gaza antes das bombas
Embargo de três anos, que Israel agora ameniza, causou desemprego de mais de 50% da população do território palestino
Estive como repórter por oito dias na região, na semana seguinte ao fim do conflito, e percebi que, ainda mais eficaz que as bombas, foi o bloqueio imposto por Israel contra o grupo extremista Hamas, um ano e meio antes, o maior responsável pela ruína econômica da Faixa de Gaza.   


 Tomates em um mercado na Faixa de Gaza

Em sua coluna no jornal egípcio Rooz al-Yousuf, no dia 29 de junho de 2010, Muhammad Hamadi apresentou estatísticas de um site do Hamas mostrando que, apesar de toda a conversa sobre um bloqueio na Faixa de Gaza, há tantos bens de consumo disponíveis no enclave que a oferta acabou se tornando maior do que a demanda e, como resultado, o preço de aves e carne de boi é mais baixo em Gaza do que no Egito.


Segue abaixo a tradução de trechos do artigo.

O Hamas "passou para a resistência online e na mídia"
"Depois que o movimento [Hamas] abandonou a resistência real e virou-se para a resistência virtual e nos meios de comunicação, um dos muitos sites do Hamas publicou um importante relatório comparando os preços de bens de consumo no Egito e em Gaza."

"O relatório afirma: um quilo de melancia em Gaza custa menos do que uma lira egípcia, enquanto no Egito custa mais de duas liras; um quilo de tomates em Gaza custa menos de metade de uma lira, enquanto no Egito custa 1,50 lira; um quilo de batatas em Gaza custa metade de um lira, enquanto no Egito custa duas liras; um quilo de cebolas em Gaza é uma lira, enquanto no Egito um quilo de cebolas custa 1,50 lira; um quilo de alho em Gaza custa 10 liras egípcias, enquanto que no Egito o mesmo produto custa 15 liras."

 A fartura em Gaza contrasta com a escassez de alimentos no Egito

"Um quilo de carne de frango no Egito custa 20 liras, e em Gaza o mesmo produto sai por apenas 10 liras. O preço médio de um quilo de carne no Egito é de 60 liras, enquanto na Gaza 'sitiada' ele sai por cinco liras. Uma bandeja de ovos no Egito custa 19 liras, enquanto em Gaza é apenas 10 liras."

De que bloqueio eles estão falando?
"Essa comparação de preços entre o Egito e a Faixa de Gaza, que foi sitiada por três anos -- ou assim eles dizem -- mostra que a vida em estado de sítio é mais barata, mais conveniente e mais fácil..."

"Então, de que cerco eles estão falando? Será que o bloqueio causa queda de preços? E como bens de consumo estão fluindo em Gaza apesar do bloqueio?"

"Estas questões não estão sendo levantadas [aqui], na expectativa de uma resposta do Hamas. Elas são dirigidas a todos os simpatizantes do Hamas aqui no Egito, que não vêem nada de errado em acusar seu próprio país de trair a causa palestina e de deixar o indefeso povo palestino morrer de fome com um cerco opressivo em Gaza."

"Se assim é [a vida] em Gaza sob bloqueio, então o povo egípcio, que tem sido queimado pelo fogo dos preços e que ainda pega parte de sua limitada renda para salvar os moradores de Gaza sob cerco, deve orar a Alá para ferí-los com [tal] cerco, caso o bloqueio vá causar a queda de preços e permitir que cada cidadão comum possa comprar ovos, carne e aves, assim como fazem os moradores de Gaza."

O repórter dinamarquês Steffen Jensen descreve a mesma fartura e questiona onde está a crise humanitária em Gaza. As fotos contidas nesse post foram retiradas de sua reportagem. 

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