sexta-feira, 14 de setembro de 2018

"Os institutos de pesquisa são confiáveis" - Datafolha

O Datafolha é um dos institutos de pesquisa mais utilizados pela grande imprensa, sendo responsável por calcular número de manifestantes em protestos, intenções de voto e tendências sociais/culturais no país.
Entre os grupos que fazem uso dos serviços do Datafolha estão as organizações Globo, a revista Veja e a Folha de S. Paulo/UOL. Praticamente todos os órgãos de imprensa repercutem seus resultados.


No 1º turno, Datafolha errou mais da metade das previsões para cargos executivos em 2014
O Datafolha errou 63% das previsões de intenção de votos válidos para cargos executivos envolvendo os principais candidatos no primeiro turno, de acordo com levantamento feito pelo Yahoo Brasil com os últimos dados divulgados pela entidade antes das eleições.

Sobre o percentual de intenções de voto, o Datafolha errou 17 previsões (63%) - inclusive duas presidenciais - e acertou as outras 10 (37%), envolvendo pesquisas em sete Estados, no Distrito Federal e para Presidência da República. O Yahoo considerou apenas as estimativas para os três primeiros colocados no resultado final.

Os acertos consideram resultados finais das votações que ficaram dentro da margem de erro anunciada das pesquisas (de 2% e 3%, dependendo do caso) e também dentro de uma tolerância de 0,5% no levantamento do Yahoo para mais ou para menos além da margem de erro.

13 de março, maior manifestação da história do país - Datafolha acha apenas 1/3 do número de manifestantes calculado pela Polícia Militar 
Na maior manifestação da história do país, milhões de brasileiros foram às ruas, em pelo menos 239 cidades nas cinco regiões, pedir a saída da petista Dilma Rousseff da Presidência da República. Os protestos também tiveram como alvo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fundador e principal líder do PT, então investigado pela Operação Lava Jato.



A Polícia Militar calculou o número de manifestantes na Avenida Paulista em 1,4 milhão de pessoas; o Datafolha em apenas 500 mil.

Já na manifestação de 18 de março na Av. Paulista, em defesa do governo, de Lula e do PT, a Polícia Militar calculou em 80 mil pessoas o número de manifestantes, enquanto o Datafolha achou 95 mil o presentes.



Ato da CUT em defesa de Dilma Rousseff - Como transformar 8 mil em 41 mil
O Datafolha, publicou o UOL, criou uma metodologia de quadrantes e coisa e tal, para afirmar que 41 mil manifestantes participaram do ato da CUT em defesa de Dilma Rousseff, na Avenida Paulista e no centro de São Paulo.

Aí você lê o troço e descobre que, “no período de pico”, entre 16 e 17 horas, 35 mil pessoas estavam presentes na manifestação. Aí você continua a ler o troço e depara com a informação de que 8 mil pessoas se manifestaram simultaneamente durante todo o tempo.

O Antagonista concluiu que o Datafolha criou uma metodologia que inclui passantes e curiosos, a fim de transformar 8 mil em 41 mil. E aposta que a mesma metodologia será aplicada inversamente, para diminuir o tamanho da manifestação contra Dilma Rousseff no domingo.


Milagre natalino: Datafolha conseguiu encontrar 23% de ateus que acreditam na frase: 'Todo o sucesso financeiro da minha vida eu devo, em primeiro lugar, a Deus'
O Datafolha conseguiu encontrar 23% de ateus que creditam todo o sucesso financeiro de suas vidas a um Deus que dizem não existir.




Posições políticas dos responsáveis pelo Datafolha

"Inelegibilidade de ex-presidente Lula aprofunda crise democrática", por Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, e Alessandro Janoni, diretor de pesquisas do Datafolha.

Renata Nunes, presidente do Datafolha:
(Renata Nunes apagou o próprio perfil após ter sido exposta)










quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Pesquisas eleitorais são confiáveis? Elas influenciam o voto?

Estudos que lidam com a "opinião pública" em períodos eleitorais mostram que pesquisas podem causar alguns efeitos sobre a decisão do eleitor. 

Um deles é o chamado bandwagon effect, quando a pressão da opinião da maioria leva eleitores indecisos a optar pelo candidato que está em primeiro nas intenções de voto. Outro, que é menos decisivo e influencia menos o eleitor, é o underdog effect, quando o candidato pior colocado nas intenções tende a ganhar alguns votos. 
Há também o efeito chamado “voto útil”, no qual o eleitor escolhe uma segunda opção para não “perder” o seu voto e, como critério, escolhe entre os candidatos que estão na frente nas pesquisas. Este é, talvez, o efeito que mais influencia o eleitor.

O voto útil (também conhecido como estratégico ou tático) é um voto motivado pela intenção de afetar o resultado da eleição (Blais e Nadeau 1996; Cox 1997; Blais et al., 2001). Segundo estudos, cerca de 5% dos eleitores votam estratégicamente (Alvarez e Nagler 2000, Blais et al., 2001). 


As pesquisas afetam as considerações porque são baseadas em expectativas sobre o resultado da eleição. Elas podem levar as pessoas a não votarem em um determinado candidato porque mostram qué improvável que ele ganhe, ou a votar em outro, mesmo questcontcom menos indentificação, por ter mais chances de ganhar de um terceiro candidato que porventura esteja na dianteira e seja considerado pior.

Pesquisas no Brasil, principalmente as conduzidas pelos institutos Ibope Datafolha, são conhecidas por apontar com uma frequência preocupante uma intenção de voto muito menor para candidatos de oposição ou de fora do establishment político, e quase sempre muito acima da margem de erro. 
O Datafolha, por exemplo, errou 63% dos resultados no primeiro turno das eleições 2014.

Prefeitura do Rio de Janeiro, 2016
A última pesquisa do Datafolha antes do primeiro turno apontava o seguinte (resultado  oficial da eleição em vermelho):

Marcelo Crivella (PRB):             27%   27,78%
Pedro Paulo (PMDB):                10%   16,12%
Marcelo Freixo (PSOL):             13%   18,26%
Flávio Bolsonaro (PSC):             7%    14%
Jandira Feghali (PC do B):          6%     3,34%
Carlos Roberto Osório (PSDB):   8%      8,62%
Índio da Costa (PSD):                9%      8,89%

A margem de erro da pesquisa era de 2%, para mais ou para menos, e quatro candidatos tiveram votação acima ou abaixo dela: 

                    com margem de erro  /   Total

Pedro Paulo               +4,12%          +6,12% 
Jandira Feghali           -0,66%           -2,66%
Bolsonaro                  +5%              +7%
Marcelo Freixo           +3,26%.         +5,26%

Uma matéria da Folha de São Paulo levanta a questão:
Freixo, por sua vez, pode ganhar força no pedido de "voto útil de esquerda". O candidato do PSOL via Jandira se aproximar numericamente, mas a distância entre os dois foi para três pontos percentuais. Embora, na prática, o empate técnico se mantenha, a diferença pode pesar no argumento para convencer os eleitores.

O "voto útil" pode até explicar a diferença entre a intenção de votos na pesquisa do Datafolha e o número de votos obtidos pelos candidatos Pedro Paulo, Jandira Feghali e Marcelo Freixo. Mas como explicar uma diferença tão grande entre a pesquisa e o resultado obtido por Flávio Bolsonaro? Como um candidato embolado no meio da tabela e tecnicamente empatado com outros candidatos que, de uma forma ou outra, representavam uma oposição as posições extremadas da esquerda de Freixo foi capaz de crescer tanto assim, ainda mais sem que seus competidores diretos pelos votos da oposição perdessem os seus?   


Fontes
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