Um deles é o chamado bandwagon effect, quando a pressão da opinião da maioria leva eleitores indecisos a optar pelo candidato que está em primeiro nas intenções de voto. Outro, que é menos decisivo e influencia menos o eleitor, é o underdog effect, quando o candidato pior colocado nas intenções tende a ganhar alguns votos.
Há também o efeito chamado “voto útil”, no qual o eleitor escolhe uma segunda opção para não “perder” o seu voto e, como critério, escolhe entre os candidatos que estão na frente nas pesquisas. Este é, talvez, o efeito que mais influencia o eleitor.
O voto útil (também conhecido como estratégico ou tático) é um voto motivado pela intenção de afetar o resultado da eleição (Blais e Nadeau 1996; Cox 1997; Blais et al., 2001). Segundo estudos, cerca de 5% dos eleitores votam estratégicamente (Alvarez e Nagler 2000, Blais et al., 2001).
As pesquisas afetam as considerações porque são baseadas em expectativas sobre o resultado da eleição. Elas podem levar as pessoas a não votarem em um determinado candidato porque mostram que é improvável que ele ganhe, ou a votar em outro, mesmo que este conte com menos indentificação, por ter mais chances de ganhar de um terceiro candidato que porventura esteja na dianteira e seja considerado pior.
Pesquisas no Brasil, principalmente as conduzidas pelos institutos Ibope e Datafolha, são conhecidas por apontar com uma frequência preocupante uma intenção de voto muito menor para candidatos de oposição ou de fora do establishment político, e quase sempre muito acima da margem de erro.
O Datafolha, por exemplo, errou 63% dos resultados no primeiro turno das eleições 2014.
Prefeitura do Rio de Janeiro, 2016
A última pesquisa do Datafolha antes do primeiro turno apontava o seguinte (resultado oficial da eleição em vermelho):
Marcelo Crivella (PRB): 27% 27,78%
Pedro Paulo (PMDB): 10% 16,12%
Marcelo Freixo (PSOL): 13% 18,26%
Flávio Bolsonaro (PSC): 7% 14%
Jandira Feghali (PC do B): 6% 3,34%
Carlos Roberto Osório (PSDB): 8% 8,62%
Índio da Costa (PSD): 9% 8,89%
A margem de erro da pesquisa era de 2%, para mais ou para menos, e quatro candidatos tiveram votação acima ou abaixo dela:
com margem de erro / Total
Pedro Paulo +4,12% +6,12%
Jandira Feghali -0,66% -2,66%
Bolsonaro +5% +7%
Marcelo Freixo +3,26%. +5,26%
Uma matéria da Folha de São Paulo levanta a questão:
Freixo, por sua vez, pode ganhar força no pedido de "voto útil de esquerda". O candidato do PSOL via Jandira se aproximar numericamente, mas a distância entre os dois foi para três pontos percentuais. Embora, na prática, o empate técnico se mantenha, a diferença pode pesar no argumento para convencer os eleitores.
O "voto útil" pode até explicar a diferença entre a intenção de votos na pesquisa do Datafolha e o número de votos obtidos pelos candidatos Pedro Paulo, Jandira Feghali e Marcelo Freixo. Mas como explicar uma diferença tão grande entre a pesquisa e o resultado obtido por Flávio Bolsonaro? Como um candidato embolado no meio da tabela e tecnicamente empatado com outros candidatos que, de uma forma ou outra, representavam uma oposição as posições extremadas da esquerda de Freixo foi capaz de crescer tanto assim, ainda mais sem que seus competidores diretos pelos votos da oposição perdessem os seus?
Fontes
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