quarta-feira, 30 de maio de 2018

Alcorão: "Quem mata um inocente mata toda a humanidade"

"O que está escrito no Alcorão?", revista Super Interessante:
"O Alcorão, então, é um hino de guerra? Longe disso, dizem tanto adeptos da fé muçulmana quanto cientistas que escrutinam as religiões [...] “Deus disse que quem mata um inocente mata toda a humanidade”, afirma o xeque Jihad." 

O trecho citado pelo líder religioso é bastante usado pelos adeptos do islamismo quando confrontados com ataques terroristas e outras ações violentas perpetradas por muçulmanos. Ele é tão popular que até virou meme:

 

O trecho completo, como registrado no quinto capítulo do Alcorão:

Al-Mai'da 5:32  --  سورة المائدة
[32] مِنْ أَجْلِ ذَلِكَ كَتَبْنَا عَلَى بَنِي إِسْرَائِيلَ أَنَّهُ مَن قَتَلَ نَفْسًا بِغَيْرِ نَفْسٍ أَوْ فَسَادٍ فِي الأَرْضِ فَكَأَنَّمَا قَتَلَ النَّاسَ جَمِيعًا وَمَنْ أَحْيَاهَا فَكَأَنَّمَا أَحْيَا النَّاسَ جَمِيعًا وَلَقَدْ جَاء تْهُمْ رُسُلُنَا بِالبَيِّنَاتِ ثُمَّ إِنَّ كَثِيرًا مِّنْهُم بَعْدَ ذَلِكَ فِي الأَرْضِ لَمُسْرِفُونَ
32. Por isso, prescrevemos aos israelitas que quem matar uma pessoa, sem que esta tenha cometido homicídio ou semeado a corrupção na terra, será considerado como se tivesse assassinado toda a humanidade. Apesar dos Nossos mensageiros lhes apresentarem as evidências, a maioria deles comete transgressões na terra.

O verso seguinte diz qual é a pena para quem semeia a corrupção na terra:

33. O castigo, para aqueles que guerreiam contra Alá e contra o Seu Mensageiro e semeiam a corrupção na terra, é que sejam mortos, ou crucificados, ou lhes seja decepada a mão e o pé opostos, ou banidos. Tal será, para eles, um aviltamento nesse mundo e, no outro, sofrerão um severo castigo.

Mas, afinal, o que vem a ser "corrupção" na tradição islâmica?
Fasad (فساد) é uma palavra árabe que significa podridão, corrupção ou depravação. Em um contexto islâmico ela pode se referir a espalhar o mal em uma terra muçulmana, a corrupção moral contra Alá ou a perturbação da paz pública. 

Ismail ibn Kathir, um dos maiores historiadores e exegetas islâmicos, define "corrupção" em seu Tafsir:
E quando é dito a eles: "Não façam dano na terra", eles dizem: "Nós somos apenas pacificadores.Na verdade, são eles que fazem o mal, mas não percebem. 
Em seu Tafsir, As-Suddi disse que Ibn `Abbas e Ibn Mas`ud comentaram:
E quando é dito a eles: "Não façam dano/corrupção na terra", eles dizem: "Nós somos apenas pacificadores". "Eles são os hipócritas". 
("Não faça dano/corrupção na terra"), isso é descrença e atos de desobediência.'' 
(E quando é dito a eles: "Não faça dano/corrupção na terra"), significa: "Não cometa atos de desobediência na terra. Sua maldade é desobedecer a Alá, porque quem desobedece a Alá na terra, ou ordena que Alá seja desobedecido, ele cometeu dano/corrupção na terra. A paz na terra e nos céus é assegurada (e conquistada) através da obediência (a Alá). ”Ar-Rabi bin Anas e Qatadah disseram da mesma forma.
Tafsir Ibn Kathir (Meaning of Mischief)
Ou seja, a definição é tão abrangente que pode ser usada para justificar a morte ou punição por qualquer forma de expressão ou atividade de muçulmanos e não-muçulmanos que criem uma suposta desordem na comunidade, contestando um regime teocrático ou o status quo religioso. E é exatamente isso que acontece. Nos últimos anos, o conceito foi incluído no código legal das Repúblicas Islâmicas do Paquistão e do Irã. No Irã ele tem sido usado para processar ou ameaçar até figuras da oposição política.

O mesmo verso que os muçulmanos usam para provar a moralidade do Islã também contém a justificativa para assassinar pessoas inocentes  em nome do Islã.


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O Corão atribui o verso 5:32 a Alá, o que acaba reforçando a tese de muitos críticos estudiosos do islã: que a religião maometana é um amálgama do judaísmo e cristianismo moldado pelas vontades do profeta muçulmano, e que Maomé, sem o domínio das fontes, atribuia erroneamente autoridade divina a ensinamentos rabínicos contidos no Talmud.

A idéia por trás do verso é que o preceito em questão é judaico e de origem divina, e que os "filhos de Israel" pecaram ao  descumpri-lo. O que confirma tal entendimento é o verbo árabe traduzido como “prescrevemos” (ou “ordenamos”, em algumas outras versões) -- katabuna, que significa “escrevemos”. Então, Maomé, apesar de estar familiarizado com a idéia, desconhecia sua real origem na tradição judaica. Pensava que esta pertencia a literatura sagrada do povo judeu, revelada a eles pelos "mensageiros" de Deus antes do advento do Islã.

O original, em Sanhedrin 4:5
שֶׁלֹּא כְדִינֵי מָמוֹנוֹת דִּינֵי נְפָשׁוֹת. דִּינֵי מָמוֹנוֹת, אָדָם נוֹתֵן מָמוֹן וּמִתְכַּפֵּר לוֹ. דִּינֵי נְפָשׁוֹת, דָּמוֹ וְדַם זַרְעִיּוֹתָיו תְּלוּיִין בּוֹ עַד סוֹף הָעוֹלָם, שֶׁכֵּן מָצִינוּ בְקַיִן שֶׁהָרַג אֶת אָחִיו, שֶׁנֶּאֱמַר (בראשית ד) דְּמֵי אָחִיךָ צֹעֲקִים, אֵינוֹ אוֹמֵר דַּם אָחִיךָ אֶלָּא דְּמֵי אָחִיךָ, דָּמוֹ וְדַם זַרְעִיּוֹתָיו. דָּבָר אַחֵר, דְּמֵי אָחִיךָ, שֶׁהָיָה דָמוֹ מֻשְׁלָךְ עַל הָעֵצִים וְעַל הָאֲבָנִים. לְפִיכָךְ נִבְרָא אָדָם יְחִידִי, לְלַמֶּדְךָ, שֶׁכָּל הַמְאַבֵּד נֶפֶשׁ אַחַת מַעֲלֶה עָלָיו הַכָּתוּב כְּאִלּוּ אִבֵּד עוֹלָם מָלֵא.
"Saiba que casos de pena capital não são como os monetários. Em casos monetários pode devolver o dinheiro e realizar a expiação. Mas nos casos de pena capital, o sangue fica sobre ele até o fim dos tempos. Pois assim encontramos em relação a Caim, que matou seu irmão: "Os sangues de seu irmão gritam!" (Gênesis 4:10) - o verso não diz "sangue de seu irmão", mas "sangues de seu irmão", porque era o sangue dele e também o sangue de sua futura descendência [gritando]! Outra [explicação do verso]: porque seu sangue estava salpicado sobre as árvores e pedras [havia mais de uma poça de sangue]. "Foi por esta razão que o homem foi criado como uma pessoa [Adão], para ensinar-lhe que qualquer um que destrua uma vida é considerado pela Escritura como alguém que destruiu o mundo inteiro.
O trecho, como pode ser visto acima, não é um preceito divino ordenado aos israelitas, e sim um conceito rabínico derivado da narrativa bíblica através de exegese.

E qual é a posição dos codificadores/legisladores muçulmanos acerca do Talmud?
O islamonline, do xeque Yusuf al-Qaradawi, o mais popular líder da maioria sunita, afirma que o livro nem sequer deve ser lido ("ونَنْصَح بعدم قراءة هذه الكتب")... 

"Hitler era cristão"

Na cultura popular os nazistas são muitas vezes rotulados como cristãos alemães. Alguns argumentos usados na tentativa de provar o ponto vêm da própria propaganda nazista, que foi projetada para seduzir um país nominalmente cristão à sua ideologia.
Os nacional-socialistas se apropriaram de conceitos e símbolos ao adotar um "cristianismo positivo" não confessional sob sua plataforma partidária, representavam Jesus como um guerreiro ariano e atacavam as igrejas tradicionais, tanto católicas quanto luteranas, por terem distorcido o cristianismo.
Hans Kerrl, o Ministro nazista para Assuntos da Igreja, explicou que o Cristianismo Positivo "não é dependente do credo apostólico" nem depende da fé em Cristo como o filho de Deus, e que era representado pelo Partido Nazista: "O Führer é o arauto de uma nova revelação"   
(Rise And Fall Of The Third Reich: A History of Nazi Germany - William L. Shirer)

Uma fonte importante para avaliar as verdadeiras posições de Hitler quanto ao cristianismo é a série de declarações feitas por ele durante a Segunda Guerra conhecidas como Discussões de Mesa na Sede do Führer (Tischgespräche im Führerhauptquartier), que foram transcritas entre 1941 e 1944. 
As palavras de Hitler foram gravadas por Heinrich Heim, Henry Picker e Martin Bormann, e posteriormente publicadas por diferentes editores, sob diferentes títulos, em três idiomas.

O material, que foi registrado no quartel general do Führer, aborda temas como guerras, relações internacionais e também esclarece as posições de Hitler sobre religião, cultura e filosofia, aléde suas aspirações pessoais e sentimentos em relação a seus amigos e inimigos.
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Há um debate em andamento sobre o quão confiáveis são as traduções quando se trata da versão em inglês, que foi traduzida de uma versão anterior em francês, e não do original em alemão.  
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Sobre o cristianismo:
A melhor coisa é deixar o cristianismo morrer uma morte natural... O dogma do cristianismo se esvai diante dos avanços da ciência...
As instruções de natureza higiênica dadas pela maioria das religiões contribuíram para a fundação de comunidades organizadas. Os preceitos ordenavando que as pessoas se lavassem, evitassem certas bebidas, jejuassem em datas marcadas, se exercitassem, se levantassem com o sol, subissem ao topo do minarete — todas essas eram obrigações inventadas por pessoas inteligentes.
A exortação para lutar corajosamente também é autoexplicativa. Observe, a propósito, que, como um corolário, foi prometido ao muçulmano um paraíso povoado por garotas sensuais, onde o vinho fluía em riachos — um verdadeiro paraíso terrestre. Os cristãos, por outro lado, declaram-se satisfeitos se depois de sua morte eles estiverem autorizados a cantar aleluias! ... O cristianismo, é claro, atingiu o auge do absurdo nesse respeito. E é por isso que um dia sua estrutura entrará em colapso. A ciência já impregnou a humanidade. Consequentemente, quanto mais o cristianismo se apega aos seus dogmas, mais rapidamente ele declinará.

Colaboradores de Hitler, como  Joseph Goebbels, Albert Speer e Martin Bormann, confirmam o desdém que Hitler nutria pela religião, enquanto o general Gerhard Engel afirmou o oposto ("Eu sou agora, como antes, um católico, e sempre permanecerei assim").
"Você vê, tem sido a nossa infelicidade ter a religião errada. Por que não temos a religião dos japoneses, que consideram o sacrifício pela pátria como o bem maior? A religião maometana também teria sido muito mais compatível conosco do que o cristianismo. Por que o cristianismo com sua mansidão e flacidez?"
Albert Speer, Ministro de Armamentos e Produção de Guerra de Hitler  Inside the Third Reich, pg. 96 



domingo, 27 de maio de 2018

O "Estado Judeu" e a hipocrisia árabe

Os árabes sempre foram unânimes em rejeitar a idéia de Israel como um "Estado judeu". Segundo eles, a razão é que um Estado judeu seria, por definição, discriminatório contra árabes e muçulmanos.

Constituição da Jordânia:
Artigo 1
O Reino Hachemita da Jordânia é um Estado árabe independente e soberano. Ele é  indivisível e inalienável e nenhuma parte dele pode ser cedido. O povo de Jordânia é uma parte da nação árabe, e seu sistema de governo é parlamentar com uma monarquia hereditária.

Artigo 2

O Islã é a religião do Estado e árabe é sua língua oficial.


Constituição do Egito:

Com sua história e localização únicas, o Egito é o coração do mundo árabe.
Artigo 1 
A República Árabe do Egipto é um estado unidos, soberano e indivisível, e nenhuma parte pode ser abandonada,  tendo um sistema republicano democrático que é baseado na cidadania e Estado de Direito.

O povo egípcio é parte da nação árabe que procura melhorar a sua integração e unidade.


Artigo 2

O Islã é a religião do Estado e árabe é sua língua oficial. Os princípios da 
Sharia islâmica são a principal fonte da legislação.


Constituição da Líbia:

Artigo 1 [Princípios]
A Líbia é uma república árabe, democrática e livre na qual a soberania é outorgada as pessoas. O povo líbio é parte da nação árabe. Seu objetivo é a total união árabe. O território líbio é uma parte da África. O nome do país é a República Árabe Líbia.

Artigo 2 [religião estatal, língua]

O Islã é a religião do Estado e o árabe é sua língua oficial. O Estado protege a liberdade religiosa, de acordo com os costumes estabelecidos.


Constituição do Marrocos:

Preâmbulo
O Reino do Marrocos, um Estado soberano muçulmano cuja língua oficial é o árabe, constitui uma parte do Grande Magrebe Árabe.

Artigo 6 [Estado Religião]

O Islã é a religião do Estado, que garante a todos a liberdade de culto.


Constituição do Iêmen:

Artigo (1) A República do Iêmen é um Estado soberano árabe, islâmico e independente, cuja integridade é inviolável, e nenhuma parte dele pode ser cedido. O povo do Iêmen é parte da nação árabe e islâmica.

Artigo (2) O Islã é a religião do Estado, e o árabe é sua língua oficial.


Artigo (3) A Sharia islâmica é a fonte de toda a legislação.



Constituição da Síria:

Artigo 1 [Nação árabe, República Socialista]

(1) A República Árabe Síria é um Estado democrático, popular, socialista e soberano. Nenhuma parte do seu território pode ser cedida. A Síria é um membro da União das Repúblicas Árabes.

(2) A região da Síria Árabe é uma parte da pátria árabe.
(3) O povo da região árabe-síria é uma parte da nação árabe. Eles trabalham e lutam para alcançar a unidade global da nação árabe.

Artigo 3 [Islã]


(1) A religião do Presidente da República tem de ser o Islã.

(2) a jurisprudência islâmica é a principal fonte de legislação.


Constituição da Arábia Saudita:

Artigo 1
O Reino da Arábia Saudita é um estado soberano islâmico árabe com o Islã como sua religião; O livro de Deus e a Sunnah de Seu Profeta, que orações e a paz de Deus estejam sobre ele, são a sua constituição. O árabe é a seu idioma e Riad é a sua capital.


Constituição do Kuwait:

Artigo 1
O Kuwait é um Estado árabe independente e soberano. Nem a sua soberania, nem qualquer parte do seu território pode ser abandonados.

O povo do Kuwait é uma parte da nação árabe.


Artigo 2

A religião do Estado é o Islã, e a Sharia islâmica deve ser a principal fonte de legislação.


Constituição da Argélia:

Artigo 1 [Democracia, República]
A Argélia é uma República Democrática e Popular. Ele é uma e indivisível.

Artigo 2 [Estado Religião]

O Islã é a religião do Estado.


Constituição do Bahrain:

Artigo 1 [Soberania, Monarquia Constitucional]
a. O Reino de Bahrain é um Estado árabe islâmico independente e plenamente soberano, cuja população é parte da nação árabe e cujo território é parte da grande pátria árabe. Sua soberania não pode ser cedida ou qualquer de seu território abandonado.

Artigo 2 [Estado Religião, Sharia, Língua Oficial]

A religião do Estado é o Islã. A Sharia islâmica é a principal fonte de legislação. A língua oficial é o árabe.


Constituição da Tunísia:

Artigo 5
A República da Tunísia faz parte do Magrebe Árabe e deve trabalhar para alcançar sua unidade e tomar todas as medidas para garantir a sua realização


Constituição da Mauritânia:

Preâmbulo: ... Consciente da necessidade de reforçar os seus laços com povos irmãos, o povo da Mauritânia, um povo muçulmano, africano e árabe, proclama que vai trabalhar pela realização da união do Grande Maghreb da nação árabe e da África e pela consolidação da paz no mundo.

TÍTULO I Disposições gerais, Princípios Fundamentais


Artigo 1 [Integridade do estado, proteção igual]


(1) A Mauritânia é uma república indivisível, democrática e social islâmica.



Constituição do Irã:

Artigo 1 [Forma de Governo]
A forma de governo do Irã é a de uma República Islâmica, apoiada pelo povo do Irã, com base em sua crença de longa data na soberania da verdade e da justiça corânica, ...

Artigo 2 [Princípios Fundamentais]

A República Islâmica é um sistema baseado na crença em:
1) Um Deus (como indicado na frase "Não há nenhum deus além de Alá"), Sua soberania exclusiva e direito de legislar, e da necessidade de submissão a seus mandamentos; 
2) A revelação divina e seu papel fundamental no estabelecimento das leis;
3) o retorno a Deus na outra vida e o papel construtivo dessa crença no curso da ascensão do homem para Deus;
4) a justiça de Deus na criação e legislação;
5) liderança contínua e orientação perpétua, e seu papel fundamental na garantia do processo ininterrupto da revolução do Islã; 


Artigo 1
Palestina é parte do grande mundo árabe, e o povo palestino é parte da nação árabe. A unidade árabe é um objetivo que o povo palestino deve trabalhar para conseguir.

Artigo 4
1. O islamismo é a religião oficial na Palestina. O respeito e a santidade de todas as outras religiões celestiais devem ser mantidos.
2. Os princípios da sharia islâmica devem ser a principal fonte de legislação.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Morrem mais palestinos na Síria do que em Gaza

Atualização
De acordo com a ONG The Action Group for Palestinians in Syriao total de mortos chegou a 3.685, incluindo 467 mulheres, em março de 2018.
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Uma matéria publicada no dia 2 de agosto de 2014 no al-Araby informa que 2402 árabes-palestinos foram mortos por causa da guerra civil síria até o fim de julho de 2014. 

أعلنت "مجموعة العمل من أجل فلسطينيي سورية"، أن عدد الضحايا الفلسطينيين في سورية، بلغ 2402 لاجئ فلسطيني قضوا خلال حرب النظام في سورية، وذلك حسب إحصائياتها الموثقة حتى نهاية يوليو/تموز 2014.

Ainda de acordo com a matéria, que baseia seus números em informações fornecidas por uma ONG palestina: 

961 pessoas morreram vítimas dos bombardeios (33 por causa de armas químicas); 
473 morreram em confrontos armados; 
260 foram mortos por snipers; 
221 morreram sob tortura.
154 morreram de fome ou por falta de cuidados médicos por causa do bloqueio no campo de refugiados de Yarmouk; 
84 foram executados; 
57 morreram por motivos variados (queimados, esfaqueados...); 
61 morreram em atentados;  
43 morreram de causas desconhecidas; 
35 morreram após serem seqüestrados; 
26 se afogaram. 

O restante morreu fora da Síria, ao tentar escapar do país.

وأوضحت المجموعة أن 961 لاجئاً فلسطينياً قضوا بسبب أعمال القصف، بينهم 33 لاجئاً قضوا إثر استهداف مناطق سكنهم بالسلاح الكيماوي، و473 بسبب الاشتباكات المسلحة، و260 قضوا برصاص قناصة، و221 قضوا تحت التعذيب.
كذلك قضى 154 لاجئاً نتيجة نقص الغذاء والرعاية الطبية بسبب الحصار على مخيم اليرموك.
و84 لاجئاً أعدموا ميدانياً، و57 لاجئاً لأسباب أخرى (ذبح، اغتيال، أزمات صحية، حرق، أو بالسلاح الأبيض)، و61 لاجئاً قضوا إثر التفجيرات، و43 قضوا لأسباب مجهولة إذ وثقت حالة الوفاة دون تفاصيل، و35 لاجئاً قضوا بعد خطفهم من جهات مجهولة، و26 لاجئاً قضوا غرقاً.
Por esses palestinos ninguém protesta.

Síria: Carta do avô de Assad aos ocupantes franceses (1936) prevê o massacre de minorias não-muçulmanas e defende sionistas

A Síria é uma espécie de síntese ou emblema de todas as questões que têm se mostrado até agora insolúveis no Oriente Médio, a começar por sua própria composição interna. Os Assad pertencem à minoria alauíta — 10% da população —, um ramo do xiismo odiado, igualmente, pela maioria sunita e pelos xiitas. São hoje parte da elite dirigente do país. A chance de que essa e outras minorias — como a cristã, por exemplo — venham a ser esmagadas durante a guerra é grande.

A carta abaixo é fascinante. Além de trazer a tona a raiz dos problemas do Oriente Médio, ela se cumpre como uma profecia e explica a razão pela qual a elite alauíta está disposta a lutar até o último homem para se manter no poder. Ela sabe que a única alternativa seria o seu extermínio -- os alauítas entendem a mentalidade de seus irmão muçulmanos e a forma como estes lidam com as minorias sob seu controle.  





 Caro Sr. Leon Blum, primeiro-ministro da França

A luz das negociações que estão sendo realizadas entre a França e a Síria, nós - os líderes alauítas na Síria - respeitosamente trazemos os seguintes pontos a sua atenção e a de seu partido (socialista):

1. A nação alauíta [sic], que manteve sua independência ao longo dos anos as custas de muito zelo e de muitas mortes, é uma nação que é diferente da nação muçulmana sunita em sua fé religiosa, em seus costumes e em sua história. Nunca antes a nação alauíta (que vive nas montanhas na costa ocidental da Síria) esteve sob o domínio dos [muçulmanos] que governam as cidades do interior da terra.

2. A nação alauíta se recusa a ser anexada a Síria muçulmana, porque a religião islâmica é considerada a religião oficial do país e a nação alauíta é considerada como herética pela religião islâmica. Portanto, pedimos que você considere o destino assustador e terrível que aguarda os alauítas caso eles sejam forçosamente anexados a Síria quando esta estiver livre da supervisão do mandato, quando estará em seu poder implementar as leis que derivam de sua religião. (De acordo com o Islã, os heréticos têm como escolha a conversão ao Islã ou a morte)

3. Conceder independência a Síria e cancelar o mandato seria um bom exemplo dos princípios socialistas na Síria, mas o significado da independência total será o controle, por algumas famílias muçulmanas, da nação alauíta na Cilícia, em Askadron [a Faixa de Alexandretta, que os franceses tiraram da Síria e anexaram à Turquia em 1939] e nas montanhas Ansariyya [as montanhas no oeste da Síria, a continuação das montanhas do Líbano]. Mesmo havendo um parlamento e um governo constitucional, não haverá garantias de liberdade pessoal. Este controle parlamentar será apenas uma fachada, sem qualquer valor eficaz, e a verdade é que ele se controlado pelo fanatismo religioso que terá como alvo as minorias. Será que os líderes da França querem que os muçulmanos controlem a nação alauíta e que joguem-na no seio da miséria?

4. O espírito de fanatismo e estreiteza mental, cujas raízes são profundas no coração dos muçulmanos árabes para com todos aqueles que não são muçulmanos, é o espírito que alimenta continuamente a religião islâmica e, portanto, não há esperança de que a situação vá se alterar. Se o mandato for cancelado, o perigo de morte e destruição será uma ameaça sobre as minorias na Síria, mesmo que cancelamento [do mandato] decrete a liberdade de pensamento e a liberdade de religião. Por isso, ainda hoje, vemos como os moradores muçulmanos de Damasco forçam os judeus que vivem sob seus auspícios a assinar um documento em que são proibidos de enviar alimentos para os seus irmãos judeus que estão sofrendo com o desastre na Palestina [nos dias da grande revolta árabe]. 
 A situação dos judeus na Palestina é a mais forte e explícita evidência da militância islâmica e do tratamento dispensado aqueles que não pertencem ao islã. Esses bons judeus contribuíram para os árabes com civilização e paz, e estabeleceram prosperidade na Palestina sem tomar nada a força e sem prejudicar a ninguém. Ainda assim, os muçulmanos declaram guerra santa contra eles e nunca hesitaram em massacrar suas mulheres e crianças, apesar da presença da Inglaterra na Palestina e da França na Síria. Portanto, um destino sombrio aguarda os judeus e outras minorias no caso de o mandato britânico ser abolido e da Síria muçulmana e da Palestina muçulmana serem unidas. Este é o objetivo final dos árabes muçulmanos.

5. Agradecemos a sua generosidade de espírito ao defender o povo sírio e seu desejo de conseguir sua independência, mas a Síria, no momento atual, está longe da grande meta que você aspira para ela, porque ela ainda está presa no espírito do feudalismo religioso. Nós não achamos que o governo francês e o Partido Socialista francês vão concordar com a independência dos sírios, já que a sua implementação causará a subjugação da nação alauíta, colocando a minoria alauíta em perigo de morte e destruição. Não é possível que você concordará com o pedido da Síria (nacionalista) para anexar a nação alauíta à Síria, porque seus elevados princípios - se eles suportam a idéia de liberdade - não vão aceitar a situação em que uma nação (os muçulmanos) tenta sufocar a liberdade de outra (os alauítas), forçando a sua anexação.

6. Você pode achar necessário garantir condições que assegurem os direitos dos alauítas e de outras minorias no texto do Tratado (o Tratado franco-sírio, que define as relações entre os estados), mas nós enfatizamos a você que contratos não têm qualquer valor na mentalidade islâmica da Síria. Vimos isso no passado, com o pacto que a Inglaterra assinou com o Iraque, que proibia [os muçulmanos] iraquianos de assassinarem assírios e yazidis. A nação alauíta, que nós representamos, clama ao governo da França e ao Partido Socialista Francês, e lhes pede que garanta a sua liberdade e independência dentro de suas pequenas fronteiras [um Estado alauíta independente]. A nação alauíta coloca seu bem-estar nas mãos dos dirigentes socialistas franceses, e é certo que vamos encontrar um apoio forte e confiável para nossa nação, que é um amigo fiel, que tem prestado à França um excelente trabalho, e agora está sob o ameaça de morte e destruição.

[Assinado por]

Aziz Agha al-Hawash, Mahmud Agha Jadid, Mahmud Bek Jadid, Suleiman Assad [avô de Bashar], Suleiman al-Murshid, Mahmud Suleiman al-Ahmad.

Relação entre a igreja maronita do Líbano e o sionismo antes do Estado de Israel



Ao invocar o nome ‘Líbano’ nos dias de hoje, nos vêm a mente imagens de jihadistas fanáticos e enlouquecidos jurando morte a Israel. Mas nem sempre foi esse o caso. De fato, houve uma época em que existiu uma forte tendência pró-sionismo dentro da Igreja Maronita do Líbano (a maior e mais poderosa comunidade religiosa de então). O movimento foi liderado pelo patriarca maronita Pierre Antoine Arrida e pelo arcebispo Ignace Mubarak de Beirute. A união era natural, já que ambos os grupos eram minorias religiosas numa região hostil dominada por muçulmanos.

Tudo começou quando a Igreja se aproximou da agência judaica e um pacto foi formado (que deveria ser mantido em sigilo, para não despertar a ira dos muçulmanos). A postura da Igreja não refletia um consenso de opiniões entre a população cristã – o partido Falange, fundado por Pierre Gemayel, não apoiou a criação do Estado de Israel principalmente por causa de preocupações econômicas. O partido também não apoiava os isolacionistas da Igreja que queriam criar um Estado cristão independente no Monte Líbano e em seus arredores. 

PRIMEIROS ENCONTROS
 O primeiro encontro entre os colonos judeus e libaneses foi sob circunstâncias infelizes. Durante a guerra maronita-drusa de 1860 – que teve os drusos com vitoriosos e os maronitas como vítimas de grandes massacres – os libaneses, em desespero, se voltaram para a Europa em busca de ajuda. As duas primeiras personalidades europeias a responder foram Sir Moses Montefiore, um abastado líder judeu londrino, e Adolph Cremieux, um ilustre estadista francês também de origem judaica. Montefiore garantiu que a situação dos maronitas receberia cobertura de destaque no periódico ‘Times’ de Londres e criou um fundo, com seus próprios recursos, para ajudar os sobreviventes. Já Cremiuex teve papel fundamental no envio das tropas francesas para o Líbano. A intervenção francesa acabou por salvar os cristãos e levou a criação de um terrotório controlado por maronitas chamado Mutasarifiya.

ASSISTÊNCIA JUDAICA AOS CRISTÃOS DURANTE A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
 Mais tarde, na sequência da Primeira Guerra Mundial, as hostilidades entre muçulmanos xiitas e cristãos maronitas chegaram a seu ápice. A maioria dos habitantes das aldeias cristãs atingidas (entre elas Deir Mimus, Majaryoun, Jedida e Abel al-Kumh) fugiu, e muitos terminaram na cidade de Sidon, famintos e miseráveis. Pinchas Na'ama, que trabalhou para a Agência Judaica nas comunidades judaicas do Levante, enviou uma mensagem urgente a seus superiores em Jerusalém solicitando fundos emergenciais para assistir os refugiados cristãos. Os refugiados foram alimentados e vestidos e seus filhos foram admitidos na escola judaica em Sidon. 

Esses atos filantrópicos foram lembrados anos mais tarde pela Igreja Maronita e acabaram por causar um grande impacto em suas opiniões e atitudes para com a comunidade judaica e o Estado de Israel.


Palavras do patriarca Arrida em um discurso na sinagoga de Beirute, em 1937:

"Os judeus não são apenas os nossos antepassados, mas nossos irmãos. Nossa origem é a mesma, a nossa língua é quase comum e nosso pai é o pai deles. Estamos orgulhosos de pertencer à mesma raça. Devemos tudo ao judaísmo, os nossos ensinamentos são tirados de sua lei sagrada. Nossa fé é semelhante. Nós amamos o mesmo Deus e amamos Jerusalém tanto quanto eles. Nós queremos, sinceramente, que nossa relação com eles seja constante e que renda muitos frutos. Nos ajudamos uns aos outros e desejamos, com todo nosso coração, que Deus liberte os judeus das opressões e perseguições de que são vítimas. Nós manifestamos nossos mais sinceros votos de paz e tranquilidade aos judeus, porque sentimos o quão sincero e precioso é o seu amor por nós."

Arrida também esteve envolvido em esforços de salvamento dos judeus alemães após a ascensão de Hitler ao poder naquele país. Ele e outros líderes cristãos libaneses sugeriram a idéia de permitir a entrada desses judeus no Líbano.

Dez anos mais tarde, quando a demanda por um Estado judeu foi ganhando força, a ONU criou uma comissão especial para examinar a viabilidade de estabelecer esse estado. Segue abaixo odepoimento do arcebispo Mubarak em frente da comissão UNSCOP:

Beirute, 5 de agosto de 1947

Senhor presidente:

Lamento que a minha ausência na Europa coincidiu com a visita da Comissão Especial sobre a Palestina, caso contrário eu teria tido a oportunidade de expressar minha opinião - que é, aliás, a da maioria do povo libanês - com relação a esta questão.

Esta não é a primeira vez que expresso minha opinião sobre este assunto. Muita tinta já foi gasta e, depois de cada uma das minhas denúncias, a imprensa mundial tem aproveitado as minhas palavras e feito diversos comentários sobre tudo o que disse.

Aqui no Oriente Médio – que é em sua maioria muçulmano – se o atual governo libanês for reconhecido como tendo um direito oficial para falar em nome da nação libanesa, nos sentiremos obrigados a responder e a provar que os atuais governantes representam apenas a si mesmos e que as suas chamadas “declarações oficiais” são ditadas apenas pelas necessidades do momento e por uma solidariedade imposta neste país eminentemente cristão, graças as suas ligações com os países islâmicos que o cercam por todos os lados e que o mantém em sua órbita político-econômica.

Em razão de sua posição geográfica, história, cultura e tradições, da natureza de seus habitantes e de seu apego a sua fé e a seus ideais, o Líbano tem sempre, mesmo sob o jugo otomano, se mantido longe das garras das outras nações que o rodeiam e tem conseguido manter sua tradição intacta.

Por outro lado, a Palestina, o centro ideológico de toda a Bíblia, sempre foi vítima de todas as dificuldades e perseguições. Desde tempos imemoriais, qualquer coisa com qualquer significado histórico sempre foi saqueada, pilhada e mutilada. Sinagogas e igrejas foram transformadas em mesquitas e, não sem razão, a importância dessa parte ao leste do Mediterrâneo foi reduzida a nada.

É um fato incontestável que a Palestina foi a casa dos judeus e dos primeiros cristãos. Nenhum deles era de origem árabe. Pela força brutal da conquista eles foram forçados a se converter a religião muçulmana, e é essa origem dos ‘árabes’ naquele país. Pode-se deduzir daí que a Palestina algum dia foi árabe?

Vestígios históricos, monumentos e lembranças sagradas das duas religiões permanecem vivos como evidência do fato de que este país não esteve envolvido na guerra entre príncipes e monarcas do Iraque e da Arábia. Os lugares santos, os templos, o Muro das Lamentações, as igrejas e os túmulos dos profetas e santos e todas as relíquias das duas religiões são símbolos vivos que, por si só, invalidam as declarações agora feitas por aqueles que têm interesse em fazer da Palestina um país árabe. Incluir a Palestina e o Líbano no grupo de países árabes é negar a história e destruir o equilíbrio social no Oriente Médio.

Estes dois países, estas duas pátrias, provaram até agora que suas existências como entidades separadas e independentes são úteis e necessárias.

O Líbano, antes de tudo, sempre foi e continuará sendo um santuário para todos os cristãos perseguidos no Oriente Médio. Foi lá que os armênios que escaparam do extermínio na Turquia encontraram refúgio. Foi lá que os caldeus do Iraque encontraram um lugar seguro quando foram expulsos de seu país. Foi lá que os poloneses, numa Europa em chamas, se refugiaram. E foi lá que os franceses, forçados a fugir da Síria, encontraram proteção. Foi lá que as famílias britânicas da Palestina, fugindo do terrorismo, encontraram refúgio e proteção.

O Líbano e a Palestina devem continuar a ser o lar permanente das minorias.

E qual foi o papel dos judeus na Palestina? Considerando sob este ângulo, a Palestina de 1918 parece-nos um país árido, pobre, despojado de todos os recursos e o menos desenvolvido de todos os vilarejos turcos. A colônia muçulmano-árabe vivia no limite da pobreza. A imigração judaica começou, as colônias foram formadas e estabelecidas e, em menos de vinte anos, o país foi transformado: a agricultura floresceu, grandes indústrias foram estabelecidas e a riqueza veio para o país. A presença de uma nação tão bem desenvolvida e laboriosa ao lado do Líbano não poderia deixar de contribuir para o bem-estar de todos – o judeu, que é um homem de habilidade executiva prática, e o libanês, que é altamente adaptável e, por essa razão, sua proximidade viria para melhorar as condições de vida dos habitantes.

Do ponto de vista cultural, estes dois países podem se gabar de ter tantos intelectuais e pessoas cultas quanto todos os outros países do Oriente Médio somados. Não é justo que a lei deva ser imposta por uma maioria ignorante desejosa de impor sua vontade.

Não seria justo permitir que um milhão de seres-humanos evoluídos e educados sejam joguete de poucas pessoas que, eventualmente, estejam no comando e que liderem alguns milhões de ignorantes involuídos que ditam a lei como bem entendem. Existe uma ordem no mundo, uma ordem que estabelece o equilíbrio adequado. Se as Nações Unidas estão realmente desejosas de manter essa ordem, elas devem fazer todo o possível para consolidá-la.

As principais razões de natureza social, humanitária e religiosa exigem a criação, nesses dois países, de duas pátrias para as minorias: um lar cristão no Líbano, como sempre houve, e um lar judaico na Palestina. Estes dois centros, ligados um com o outro geograficamente e se apoiando e ajudando economicamente, farão a ponte necessária entre o Ocidente e o Oriente, a partir do ponto de vista da cultura e civilização. As relações de vizinhança entre estas duas nações contribuirão para a manutenção da paz no Oriente Médio, que é tão dividido por rivalidades, e vai diminuir a perseguição de minorias, que sempre encontrarão refúgio nestes dois países.

Essa é a opinião dos libaneses que eu represento e é a opinião deste povo que a sua Comissão de Inquérito foi incapaz de ouvir.

Por trás das portas fechadas do Hotel Sofar vocês só foram capazes de ouvir as palavras ditadas aos nossos chamados ‘representantes legais’ pelos donos e senhores dos países árabes vizinhos. A voz real dos libaneses foi sufocada pelo grupo que falsificou as eleições de 25 de Maio.

O Líbano exige a liberdade para os judeus na Palestina – da mesma forma que deseja a sua própria liberdade e independência.

Tenho a honra de ser, etc,

(assinado) Ignace Mobarat (Mubarak)

Arcebispo maronita de Beirute.



Original:

ARCHEVECHE MARONITE de Beyrouth 

Beyrouth, le 3 Août 1947. 

A Monsieur le Juge Sandstrom 

Président de la Commission d'Enquête de l'U.N.S.C.O.P. 

Genève, Suisse. 

Monsieur le Président, 

Je regrette que mon absence [pour cause de voyage] en Europe ait coïncidé avec le passage de la commission d'Enquête sur la Palestine au Liban, sinon il m'aurait été donné de faire entendre ma voix et de donner mon avis qui est d'ailleurs celui de la majorité des Libanais sur cette question. 

Ce n'est pas la première fois que j'exprime mon opinion sur cette affaire. Beaucoup d'encre a été déjà versée et, après chacune de mes réclamations, la presse mondiale s'en est saisie et a suffisamment commenté tous mes dires. 

Dans ce Moyen-Orient, à majorité musulmane, si on reconnaît au Gouvernement Libanais actuel un caractère officiel pour s'exprimer au nom de la Nation Libanaise, nous serions disposés à répondre et à prouver que les maîtres de l'heure ne représentent qu'eux-mêmes et que leurs déclarations, soi-disant officielles ne sont dictées que par les nécessités du moment et par la solidarité imposée qui lie ce pays à majorité chrétienne aux autres pays islamiques qui l'entourent de tous les côtés et l'englobent malgré lui, dans leur orbite politico-économique. 

Le Liban, de par sa situation géographique, son histoire, ses cultures, ses traditions, le caractère de ses habitants et leur attachement à leur roi et leur idéal, s'est toujours dérobé, même sous le joug ottoman à l'emprise des autres peuples qui l'entourent et a réussi à maintenir ses traditions intangibles. 

La Palestine par contre, centre idéologique de toute la propagation du vieux et du nouveau testament, a été l'objet de toutes les vexations et de toutes les persécutions. De tout temps, tout ce qui peut rappeler un souvenir tant soit peu historique à été saccagé, pillé et mutilé. Des Temples et des Eglises ont été transformés en Mosquées et le rôle de cette partie Orientale de la Méditerranée a été réduit à néant, et pour cause. 

Historiquement il est indéniable que la Palestine a été la patrie des Juifs et des premiers chrétiens. Aucun d'eux n'était d'origine arabe, La force brutale de la conquête les a réduits et astreints à se convertir à la religion musulmane. Voilà l'origine des arabes dans ce pays. Peut-on déduire de là que la Palestine est arabe où quelle fut toujours arabe? […] 

Les vestiges historiques, les monuments, les souvenirs sacrés des deux religions demeurent là vivants pour attester que ce pays a vécu en dehors des guerres intestines arabes que se livraient les princes et monarques d'Irak et d'Arabie. Les lieux saints, les Temples, le mur de lamentation, les Eglises et les tombes des Prophètes et des Saints, en un mot, tous les souvenirs des deux religions sont des symboles vivants qui infirment à eux seuls les assertions présentes de ceux qui sont intéressés à faire de la Palestine un pays arabe. Englober la Palestine et le Liban dans la cadre des pays arabes, c'est renier l'histoire et détruire l'équilibre social dans le Proche Orient. 

Ces deux pays, ces deux foyers prouvent jusqu'à aujourd'hui l'utilité et la nécessité de leur existence, comme entité séparée et indépendante. 

Le Liban d'abord a toujours été et demeure le réduit [= refuge] de tous les persécutés chrétiens du Moyen Orient. C'est là que les arméniens exterminés en Turquie ont trouvé refuge. C'est là que les Chaldéens d'Irak pourchassés de leur pays ont trouve asile. C'est là que se réfugièrent les polonais traqués de l'Europe en feu. C'est là que les Français refoulés de Syrie s'y sont trouvés en sécurité. C'est là que les familles anglaises de Palestine fuyant le terrorisme ont reçu le gîte et l'abri. 

Le Liban comme la Palestine devront demeurer les foyers permanents des minoritaires. 

Quel a été le rôle des juifs en Palestine ? Etudié sous cet angle, la Palestine de 1918 nous apparaît comme un pays aride, pauvre, dénué de toute ressource et le moins évolué de tous les vilayets turcs voisins. La colonie musulmane arabe qui y habite frise la misère. L'immigration juive commence, des colonies se forment et s'établissent, en moins de 20 ans le pays est transformé: c'est la prospérité dans les cultures, l'installation des grandes industries, c'est la richesse qui s'installe dans ce pays. La présence, à côté du Liban, d'un peuple si évolué et travailleur ne peut que contribuer au bien être de tous. La juif est réalisateur, le libanais est très enclin à l'adaptation, c'est pourquoi ce voisinage ne pourra que servir à I'amélioration de toutes les conditions d'existence des habitants. 

Au point de vue culturel, ces deux peuples peuvent se vanter de posséder, à eux seuls, autant de [personnes] cultivé[e]s et d'intellectuels que tous les pays réunis du Proche-Orient. Il n'est pas juste que la LOI soit imposée par une majorité ignare qui veut imposer sa volonté. Il ne serait pas juste qu'un million d'[êtres] humains évolués et instruits soient le jouet de quelques personnes intéressées se trouvant à la tête ou menant quelques millions d'individus arriérés ou peu progressifs et faisant la LOI comme Ils le désirent, Il existe un ordre dans le monde. C'est cet ordre qui l'équilibre. Si les Nations Unies ont à coeur de le maintenir, ils devront mettre tout en oeuvre pour le consolider. 

Des raisons majeures, sociales, humaines et religieuses exigent qu'il soit créé dans ces deux pays, 2 foyers pour minorités. Foyer chrétien au Liban, comme il l'a toujours été; foyer juif en Palestine. Ces deux centres se reliant géographiquement l'un à l'autre, s'appuyant et s'entr'aidant économiquement formeront la pont indispensable entre l'Occident et l'Orient, [que ce] soit au point de vue culturel, [ou que ce] soit au point de vue civilisateur. Le voisinage de ces deux peuples contribuera à maintenir la paix dans ce Proche-Orient si divisé par les rivalités et réduira les persécutions des minorités, qui trouveront toujours un asile dans l'un de ces deux pays. 

Voilà l'opinion des Libanais que je représente, voilà l'opinion de ce peuple que votre Commission d'Enquête n'a pu entendre. 

Derrière les volets clos de l'Hôtel de Sofar, vous n'avez pu écouter que les paroles dictées à nos représentants, soi-disant légaux, par leurs maîtres et Seigneurs des pays arabes musulmans voisins. La véritable voix libanaise a été étouffée par la horde des faussaires des élections du 25 Mai. 

LE LIBAN RECLAME LA LIBERTE POUR LES JUIFS EN PALESTINE - COMME IL SOUHAITE SA PROPRE LIBERTE ET SON INDEPENDANCE. 


Avec ma très haute considération, 

(Signé) Ignace Mobarat [lire : Mubarak] 

Archevêque Maronite de Beyrouth