quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Ibope e Datafolha "erram" última pesquisa por 30 pontos percentuais


Se a atuação do Ibope e Datafolha foi um fracasso nas últimas eleições, os resultados do primeiro turno da eleição deste ano acabaram por enterrar qualquer vestígio de seriedade por partes destes institutos de pesquisa. 
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Um dia antes da eleição deste 7 de outubro, Dilma Rousseff liderava com folga a disputa pelo Senado em Minas Gerais. Com 28% dos votos válidos no Ibope e 26% no Datafolha, a ex-presidente assistiria de camarote à briga pela segunda vaga. Na noite de domingo, descobriu que as urnas haviam discordado das sumidades da estatística: com apenas 15%, Dilma acabou rebaixada para um humilhante quarto lugar. 

No mesmo dia 7, Wilson Witzel acordou convencido de que teria de cuidar da vida no dia seguinte. Candidato ao governo do Rio, soube na véspera que alcançara apenas 12% no Ibope, 20 pontos percentuais abaixo do líder Eduardo Paes. Terminada a apuração, Witzel pousou no segundo turno a bordo de 42% dos votos, 30 pontos percentuais acima do que haviam profetizado no sábado os magos das intenções de voto.

Como explicar o descompasso abissal entre os levantamentos eleitorais e o mundo real? “Pesquisa é um retrato do momento”, recitaram os dirigentes dos dois principais institutos. (Alguém aí acredita que, se a eleição tivesse ocorrido no sábado, Dilma seria a vitoriosa e Witzel permaneceria na zona de rebaixamento?). Também avisaram que brasileiro gosta de mudar de ideia minutos antes de votar. (Se é assim, por que abrir em julho a temporada de pesquisas?)

Na véspera da disputa pelo governo de Minas Gerais, tanto Ibope quanto Datafolha previam que o favorito para o governo era Antonio Anastasia. No Ibope, o tucano contava com simplesmente 42% das intenções de voto – número o suficiente para alcançar a vitória no primeiro turno. Em segundo vinha o petista Fernando Pimentel, com 25%. O empresário Romeu Zema, do NOVO, estreante na política, vinha em curva ascendente empatado tecnicamente em terceiro lugar, com 23%.

Os números do Datafolha não estavam muito melhores: Anastasia com 40%, Pimentel com 29% e Zema com 24%, sem chance de ir ao segundo turno. Ambas as pesquisas foram divulgadas na véspera.

Já na vida real, quem estava com 40%, ou melhor, com 42,9% era Romeu Zema, que Datafolha e Ibope consideravam em terceiro lugar (o Datafolha até sem chance de chegar ao segundo turno). Anastasia teve apenas 29% do eleitorado, e o petista Fernando Pimentel nem chegou ao segundo turno.

Zema se beneficiou de um erro dos petistas pelo fenômeno Bolsonaro, sendo o único candidato do partido a ir contra a cúpula do partido e declarar apoio ao presidenciável ainda no primeiro turno. Disparou para cima. Mas, tal como no Rio de Janeiro, é na melhor das hipóteses ridículo falar em pesquisa com 2 pontos percentuais de “margem de erro” que simplesmente inverte resultado na casa das dezenas um dia(!) antes das eleições.



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