quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Ibope e Datafolha x Paraná - como os institutos de pesquisa controlam previsões para manipular eleições

Nas eleições deste ano, tanto Ibope quanto Datafolha apontaram Jair Bolsonaro, o candidato líder na intenção de votos no primeiro turno, perdendo de forma constante para todos os outros candidatos bem colocados num hipotético segundo turno (e, de longe, com a maior rejeição entre os presidenciáveis). Só nas últimas pesquisas o resultado se tornou um empate técnico com mínima vantagem numérica em favor do ex-militar.

Veja: Bolsonaro perde de Haddad por 45% a 39% no 2º turno, diz Datafolha 
Além do petista, candidato do PSL, líder das pesquisas, é derrotado por Ciro Gomes e Geraldo Alckmin na parte decisiva da eleição 



Os números foram tão propagados que acabaram por se tornar parte principal da campanha de Geraldo Alckmin em sua tentativa frustrada de tomar votos de Bolsonaro. 
Alckmin começou a campanha na televisão batendo forte em Jair Bolsonaro. Com o atentado sofrido pelo candidato do PSL, recuou. Passada uma semana, voltou ao ataque, mas procurando desidratar o ex-capitão por sua suposta fragilidade no confronto com Fernando Haddad em um eventual segundo turno. [1] [2] [3]

Foi o retorno do manjadíssimo voto útil, ancorado nos resultados tanto do Ibope quanto do Datafolha.

Nas pesquisas que divulgaram um dia antes do primeiro turno, em 6 de outubro, Datafolha e Ibope apostavam no “empate técnico” de Bolsonaro e Haddad: o primeiro instituto deu 45% a 43%, e o segundo, 45% a 41% (nos dois casos, com o candidato do PSL numericamente à frente).

Curiosamente, o empate técnico do Datafolha do dia 6 de outubro se tornou um 58% a 42% em favor de Bolsonaro apenas 4 dias depois, sem nenhum fator que explique tamanha diferença.
O que torna os números do Datafolha e Ibope ainda mais injustificáveis é o resultado do segundo turno apontado pelo instituto de pesquisas Paraná, publicado no dia 5 de outubro, um dia antes do outros institutos citados e dois dias antes do primeiro turno: 
Em 5 de outubro, a pesquisa encomendada por Crusoé ao Instituto Paraná foi a primeira a apontar para a larga vantagem de Jair Bolsonaro sobre Fernando Haddad no segundo turno. 
De acordo com o levantamento, nas simulações de segundo turno (contando os votos totais), Bolsonaro derrotaria Haddad por 47,1% a 38,1% – nove pontos de diferença.

A única "explicação" fornecida pelo Datafolha foi o momento da decisão do voto. De acordo com a organização, 12% dos eleitores disseram ter escolhido o candidato no dia da eleição, enquanto 6% o fizeram na véspera.




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