quinta-feira, 10 de maio de 2018

Violência contra negros no Brasil

No fim de 2017 a ONU lançou a campanha 'Vidas Negras' que, de acordo com a organização, busca dar "visibilidade ao problema da violência contra a juventude negra no país" e "chamar atenção e sensibilizar para os impactos do racismo".

A campanha






















O site da campanha, que afirma que no Brasil sete em cada dez pessoas assassinadas são negras, também traz opiniões de artistas negros que culpam o racismo pela situação. 

Taís Araújo afirma que “chegou a hora de acabar com o racismo que mata milhares de jovens negros todos os anos!” enquanto Elisa Lucinda, outra atriz da Globo, diz que “o racismo mata!”, assim deixando claro que tanto as atrizes quanto a campanha da ONU consideram que as mortes violentas de negros têm relação direta com o racismo.

A narrativa iniciada pela ONU logo foi adotada pela imprensa e pelo governo. Ainda no mês de novembro diversos veículos publicaram artigos e notícias sobre o assunto: 

Carta Capital: Atlas da Violência 2017: negros e jovens são as maiores vítimas

G1, da Globo: Negros representam 71% das vítimas de homicídios no país, diz levantamento 
O texto é acompanhado por um suposto caso de racismo cometido contra o ator Diogo Cintra, fazendo assim uma associação entre o racismo que teria vitimado o ator e os assassinatos de negros, que também seriam motivados pelo mesmo fenômeno.

Agência Brasil, do Governo Federal: ONU lança campanha no Brasil para alertar sobre violência contra negros 
O repórter Jonas Valente traz a opinião de políticos, ativistas e acadêmicos. Todos seguindo a mesma linha:

De acordo com a pesquisadora da Universidade de Brasília Kelly Quirino, "a redução da violência contra jovens negros passa pela mudança da política de combate às drogas e pelo desarmamento da polícia".

Para Luana Ferreira, assessora da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do Ministério dos Direitos Humanos, "O desafio cotidiano da Seppir é dizer que vidas negras importam".

Já  o secretário de Juventude do governo federal, Assis Filho, foi ainda mais longe ao afirmar que o governo está atuando contra o "genocídio dos negros no Brasil"


Um dado importantíssimo omitido tanto pela ONU quanto pela imprensa, e que vai de encontro a narrativa sobre a motivação racista dos assassinatos, diz respeito a autoria dos crimes. 

Após meses de campanhas na TV, artigos e notícias martelando incessantemente a narrativa da ONU, a fantasia foi obrigada a ceder lugar aos fatos  ainda que nem de longe com a mesma visibilidade. 

De acordo com dados oficiais e especialistas, tanto as vítimas quanto os assassinos são, em sua maioria, negros.

Isso é o que informa a Folha de São Paulo em abril de 2018, na matéria intitulada "Homens, negros e jovens são os que mais morrem e os que mais matam".

O texto traz o estudo "Mensurando o Tempo do Processo de Homicídio Doloso em Cinco Capitais" (2014), da pesquisadora da FGV Ludmila Mendonça Lopes Ribeiro.
O trabalho analisa mortes ocorridas em 2013, com autoria identificada, em Belém, Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre e Recife.

Os autores dos crimes tinham as mesmas características da maioria das vítimas: homens, negros e jovens.

Isso é o mesmo que afirmam especialistas ouvidos pelo G1 (março de 2018):
"É consenso entre a maioria dos especialistas ouvidos pelo G1 que o perfil de quem mata é parecido com o perfil de quem morre. Em geral, apontam, são homens negros de baixa renda, com baixa escolaridade, com até 29 anos, e moradores da periferia – especialmente locais onde o Estado é ausente e não atua com políticas públicas.
Os especialistas afirmam ainda que as mortes costumam ter alguma relação com o tráfico de drogas. Para eles, o aumento no número de crimes violentos está ligado ao fortalecimento e às brigas de facções criminosas. As mortes também são facilitadas pela crescente oferta e circulação de armas de fogo, dizem."

Esta parte é geralmente omitida por demagogos que tentam transformar em questão racial o problema dos homicídios – o maior do país –, que atinge brasileiros de todas as cores.



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