sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

"Cristãos devem apoiar o acolhimento de imigrantes"


Ao acompanhar o atual debate sobre imigração, a conclusão unânime tanto dos defensores da imigração quanto da maioria dos cristãos é de que a posição da Igreja é uma de caridade incondicional para com todos aqueles que entram em uma nação, seja de forma legal ou ilegal.

Será isso verdade? O que a Bíblia diz sobre imigração? Qual é a posição dos teólogos cristãos?

Quem responde é o "doutor angélico", Tomás de Aquino, o mais influente teólogo cristão:

Suma Teológica - Questão 105, artigo 3   

"Podem os homens ter com os estrangeiros dupla relação: uma, pacífica; outra hostil. E a lei estabeleceu preceitos convenientes para regularem ambos esses casos."

Comentário: nem todos os imigrantes são iguais. Alguns podem ser hostis ou nocivos para as sociedades e países que eles buscam adentrar.

"Em terceiro lugar, quando os estrangeiros desejavam ser admitidos inteiramente ao convívio e modo de adoração deles (dos judeus). Com relação a estes uma certa ordem foi observada, pois eles não foram imediatamente recebidos como cidadãos; assim como foi lei de algumas nações [gentias], que ninguém fosse considerado um cidadão, exceto depois de duas ou três gerações, como diz o Filósofo (Polit., Iii, 1).

Comentário: Tomás de Aquino afirma que haverá aqueles que desejarão se assentar no local e se tornar cidadãos da terra que visitam. Ele menciona como primeiro passo o desejo do estrangeiro de se integrar plenamente na cultura e compartilhar os valores da nação.
O segundo passo, que é uma condição, é que a aceitação do indivíduo (ou seja, a concessão da cidadania) não é imediata. O processo de integração leva tempo e as pessoas precisam se adaptar. Ele cita o filósofo Aristóteles dizendo que este processo já foi entendido como algo que poderia levar duas ou três gerações.

"E isto porque se os estrangeiros, logo ao chegarem, fossem admitidos ao gozo dos direitos dos nacionais, poderiam dar lugar a muitos perigos. Assim, não tendo ainda um amor comprovado pelo bem comum, poderiam atentar contra o povo. Por isso a lei estabeleceu, que podiam ser recebidos a fazer parte do povo, na terceira geração, os que provinham de certas nações, de alguma afinidade com os judeus. Tais eram os egípcios, entre os quais nasceram e foram criados, e os idumeus, filhos de Esaú, irmão de Jacó. Outras porém, como os amonitas e os moabitas, que se portaram hostilmente para com eles, nunca os admitiam no seu seio. Enfim os amalecitas, que foram os seus piores inimigos, e com os quais não tinham nenhuma cognação, eles os consideravam como inimigos perpétuos. Por isso, diz a Escritura (Ex 17, 16): A guerra do Senhor será contra Amalec de geração em geração."

Comentário: O teólogo deixa claro que o bem-estar da sociedade anfitriã tem prioridade sobre a aceitação de estrangeiros e observa que imigrantes aceitos de forma descontrolada e apressada podem representar um risco ao país que os recebe e que caso estes não tenham "um amor comprovado pelo bem comum" podem ser nocivos ao próprio povo que os acolhe. 

Ele também observa que, de acordo com a Bíblia, grupos que dividem alguma relação - seja ela religiosa ou cultural - com aqueles que os recebem, são aceitos como imigrantes e cidadãos, enquanto os que têm uma relação hostil com a identidade e com a cultura de seus anfitriões em potencial não seriam aceitos.



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