quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

"Imigração é sempre benéfica para a economia"





Em um e-mail endereçado a Henryk A. Kowalczyk, Milton Friedman afirmou:

"A imigração é um assunto particularmente difícil. Não há dúvida de que a imigração livre e aberta é a política certa em um estado liberal, mas em um estado que oferece benefícios sociais a história é diferente: a oferta de imigrantes se tornará infinita. Sua proposta de que alguém só seja capaz de vir para [obter] emprego é boa, mas não iria resolver o problema completamente." 

Contexto histórico
Em 1964, o presidente Lyndon Johnson introduziu uma legislação que ficou conhecida popularmente pelo nome de War on Poverty, ou 'guerra contra a pobreza'.
Johnson acreditava em expandir o papel do governo federal na educação e na saúde como estratégia de redução da pobreza, visão que foi apoiada pelo congresso americano ao aprovar a Lei de Oportunidade Econômica, que estabeleceu o Escritório de Oportunidades Econômicas (OEO) para administrar a aplicação local de fundos federais direcionados contra a pobreza.

Atualmente o governo federal americano administra mais de 80 programas diferentes contra a pobreza a um custo de cerca de 900 bilhões de dólares por ano [1]. No entanto, 46 ​​milhões de americanos são classificados como "pobres" nos dias de hoje e a taxa de pobreza quase não saiu do lugar: caiu de 19% em 1965 para 14,8% em 2014, apesar de um total de 22 trilhões de dólares gastos desde o início do programa.


Aspectos culturais e econômicos

Custo para a manutenção de benefícios sociais 
De acordo com o relatório sobre o custo da imigração divulgado pelo Center for Immigration Studies, famílias formadas por imigrantes legais/ilegais recebem uma média de 6.234 dólares em benefícios federais a cada ano, 41% acima da média recebida por cidadãos americanos nativos, que é de 4.431 dólares.
Estes números não incluem gastos com educação pública.
Com um custo aproximado de $12.300 por aluno por ano, esses serviços são, em grande parte, gratuitos ou altamente subsidiados. [1]

O custo total é de mais de US$ 103 bilhões em benefícios sociais para famílias chefiadas por imigrantes. A maioria, 51% das famílias imigrantes, recebe algum tipo de benefício, contra apenas 30% das famílias americanas. [2]


Grupos distintos trazem benefícios/custos distintos
Em discussões sobre imigração o termo 'imigrante' é quase sempre usado como uma abstração teórica totalmente dissociada da realidade cultural ou como uma descrição generalizante que trata indivíduos com as mais variadas origens como um grupo homogêneo. Um erro básico bastante criticado pelo economista Thomas Sowell, que baseado em seus estudos sobre a influência cultural no sucesso (ou no fracasso) dos diferentes grupos americanos, afirmou que "alguns grupos de imigrantes têm feito grandes contribuições para a sociedade americana, e outros têm contribuído principalmente para [o aumento das] filas de benefícios sociais e prisões". [3]

Estudo patrocinado pelo Ministério do Interior da Holanda mostra que 40% dos imigrantes marroquinos no país com idade entre 12-24 anos já foram presos, multados, acusados ou processados por algum crime nos últimos 5 anos. O estudo ainda mostra que a maioria desses criminosos é nascida na Holanda. [7]

O relatório sobre o custo da imigração do Center for Immigration Studies confirma as conclusões de Sowell e mostra que mexicanos e nativos da América Central, que formam a maioria dos imigrantes nos EUA, recebem em média 8.251 dólares por ano em benefícios sociais, contra 4.431 dólares recebidos por famílias americanas, ou seja: 86% a mais.

Os números ainda mostram que imigrantes oriundos de culturas menos avançadas e paternalistas, com menos ênfase na educação -- principalmente a não-estatal -- e com laços familiares menos estreitos sugam mais dinheiro do sistema social e contribuem menos.

Logo depois dos mexicanos/centro-americanos estão os sul-americanos, com média de $6.159;
os caribenhos com $5.705;
africanos com $5.631;
imigrantes do leste asiático com $5.260;
e, por fim, os europeus com apenas $3.509 e sul-asiáticos com $2.565, os dois únicos grupos que recebem menos ajuda que os americanos nativos.

Thomas Sowell atribuiu o sucesso de alguns grupos de imigrantes a essas diferenças e aos seus valores culturais:

"Seu destino na América não foi determinado apenas pelas condições sociais ao seu redor nos Estados Unidos ou por como eles foram tratados pela sociedade americana. Eles eram diferentes antes de embarcarem nos navios para atravessar o oceano e aquelas diferenças cruzaram o oceano com eles." [4]

O economista ainda afirma que essas "diferenças culturais persistentes" continuam sendo determinantes para o sucesso dos descendentes dos imigrantes, mesmo depois de serem absorvidos pelo país de chegada e influenciados por seus costumes. É com base nisso que ele explica as diferenças econômicas entre americanos de origem judaica, chinesa ou alemã em comparação aos de origem árabe, hispânica ou africana.

Em seu livro Migrations And Cultures: A World View (Migrações e Culturas: Uma Visão de Mundo), Sowell expande seu argumento de que algumas culturas são mais propensas ao sucesso do que outras ao analisar seis grupos de imigrantes -- os alemães, japoneses, italianos, chineses, judeus e indianos. Na obra ele explica os traços culturais e valores responsáveis pelo sucesso econômico e conquistas destes grupos.

Thomas Sowell em seu "Immigration taboos" (Tabus de Imigração): [5]

No centro de muita confusão sobre a imigração está a noção de que "precisamos" de imigrantes — legais ou ilegais — para executar um trabalho que os americanos não farão. 

O que "precisamos" depende do custo e do que estamos dispostos a pagar. Se eu fosse um bilionário, eu poderia "precisar" de meu próprio jato privado. Mas eu me lembro de uma época em que minha família nem sequer "precisava" de eletricidade.

Deixar os preços fora da discussão é provavelmente a fonte da maior quantidade falácias na economia. Com os salários atuais para os empregos de baixa qualificação e os atuais benefícios sociais, há de fato muitos empregos que os americanos não estão dispostos a ocupar.

e ele continua:

O fato de que os imigrantes — especialmente os imigrantes ilegais — ocupam esses empregos é a própria razão pela qual os níveis salariais não vão subir o suficiente para atrair americanos. 

Isso não é nenhum bicho de sete cabeças. É a elementar [lei da] oferta e procura. No entanto, continuamos a ouvir sobre a "necessidade" de que imigrantes ocupem trabalhos que os americanos não estão dispostos a fazer — embora estes sejam os mesmos empregos que os americanos têm ocupado por gerações antes da imigração ilegal em massa ter se tornado um 'estilo de vida'.

Ainda Sowell, no artigo Guests or gate crashers? (Hóspedes ou Penetras?): [6]

A maioria dos argumentos pelo não cumprimento de nossas leis de imigração é composta por exercícios de retórica frívola e sofismas escorregadios, em vez de argumentos sérios que se sustentam sob escrutínio. 

Quantas vezes ouvimos que os imigrantes ilegais "tomam empregos que os americanos não ocuparão"? O que falta neste argumento é o crucial em qualquer argumento econômico: o preço. 

Os americanos não aceitarão muitos empregos em seus atuais níveis de remuneração — e esses níveis de remuneração não aumentarão enquanto imigrantes miseráveis estiverem dispostos a aceitar esses empregos.

[...]

Caso jornalistas mexicanos estivessem inundando os Estados Unidos e tomando postos de trabalho como repórteres e editores com metade do salário recebido por jornalistas e editores americanos, talvez as pessoas na mídia entenderiam por que o argumento sobre "aceitar empregos que os americanos não querem" é um absurdo tão grande. 

Nada da retórica e dos sofismas que ouvimos sobre a imigração lida com a simples e feia realidade: os políticos têm medo de perder o voto hispânico e as empresas querem mão-de-obra barata.

Ou seja, o economista afirma que realmente existem vagas de emprego que americanos podem não estar dispostos a preencher, mas que a recusa em ocupar grande parte delas é causada pela ação do estado em um front e por sua inação em outro: por um lado o governo ignora as leis de imigração, permitindo que milhões de imigrantes pobres aumentem a oferta de mão-de-obra muito além da capacidade de criação de novos empregos, que cada vez mais se desvalorizam, enquanto por outro lado o mesmo governo oferece benefícios sociais astronômicos para milhões de seus cidadãos, que se recusam a trabalhar por salários tão reduzidos e acabam preferindo viver sustentados por programa sociais.


Milton Friedman e as vantagens da imigração ilegal

Milton Friedman realmente defendia que a imigração ilegal "é uma boa coisa para os EUA... enquanto ela for ilegal". A ideia por trás desta afirmação é que a imigração ilegal é benéfica para a economia, desde que estes trabalhadores baratos não tenham acesso a nenhum tipo de benefício social.

O problema para quem ainda defende as vantagens da imigração ilegal para os EUA é que estas pessoas ignoram o custo que ela representa para os cofres públicos num país onde ilegais têm acesso a benefícios sociais — e no qual conseguem obter cidadania ou residência com relativa facilidade. 

O estudo do Center for Immigration Studies mostra que famílias de imigrantes ilegais custam em média US$ 5.692 para o pagador de impostos americano, um valor praticamente igual ao pago a imigrantes legais sul-americanos e africanos, e muito superior ao pago a imigrantes legais asiáticos e europeus.

Um estudo conduzido pela The Heritage Foundation mostra que, na média, cada família ilegal residente nos EUA representa um déficit líquido (benefícios recebidos menos impostos pagos) de $14.387 ao governo. [7]

O estudo foi recebido com uma previsível chuva de críticas vinda de políticos com eleitorado formado por imigrantes, como a maioria dos democratas e republicanos como Marco Rubio. Economistas keynesianos e alguns liberais também criticaram a metodologia do estudo.
A maior parte das críticas apontava um suposto erro na metodologia usada, que calcula o custo por lares/famílias, e não por indivíduos.

A crítica é desonesta e se a prática tivesse sido adotada pelo estudo ela acabaria por distorcer completamente seu resultado, pois os chamados anchor babies, os filhos de imigrantes ilegais nascidos nos EUA, que são justamente as crianças que mais custam aos pagadores de imposto americanos, seriam computados como cidadãos americanos, e não como imigrantes. 
Apesar destas crianças serem tecnicamente cidadãs de acordo com o polêmico entendimento atual, elas são fruto de atividade ilegal que deveria ser coibida pelo governo. 


Já no artigo Abstract Immigrants [8], Thomas Sowell, o mais conhecido e renomado aluno de Milton Friedman, responde àqueles que buscam falar em nome do falecido professor ao defender a livre imigração:

Uma coluna recente no Wall Street Journal intitulada "O que Milton Friedman diria?" tentou imaginar o que o falecido professor Friedman "sem dúvida consideraria o resultado ideal" no que diz respeito às leis de imigração.

Embora eu tenha sido um aluno do professor Friedman, eu nunca presumiria falar por ele. No entanto, ele era um homem com a rara combinação de genialidade e bom senso, e publicou muito trabalho empírico assim como trabalho analítico, o que lhe valeu um Prêmio Nobel. Em suma, fatos concretos importavam para ele.

É difícil imaginar Milton Friedman procurando pelo "resultado ideal" sobre a imigração como uma abstração. Mais de uma vez ele disse que "o melhor é o inimigo do bom", o que para mim significava que tentativas de alcançar um ideal inatingível podem nos impedir de alcançar bons resultados que são possíveis na prática.

Muito da nossa controvérsia atual sobre imigração é conduzida em termos de ideais abstratos, como "nós somos uma nação de imigrantes". Claro que somos uma nação de imigrantes. Mas também somos uma nação de pessoas que usam sapatos. Segue-se que devemos admitir qualquer um que usa sapatos?

Os imigrantes de hoje são muito diferentes em diversos aspectos daqueles que chegaram aqui há cem anos. Além disso, a sociedade na qual eles chegam é diferente. A coluna do Wall Street Journal termina por citar um outro economista que disse: "É melhor construir uma muralha em torno do estado de bem-estar social (welfare state) do que do país".

Mas o estado de bem-estar social já está aqui — e, longe de ter um muro construído em torno dele, o estado de bem-estar está se expandindo em todas as direções rapidamente. Não temos uma escolha entre o estado de bem-estar social e fronteiras abertas. Tudo o que tentamos fazer no que diz respeito às leis de imigração tem que ser feito no contexto de um enorme estado de bem-estar social que já é um fato importante e inescapável da vida.

Entre outros fatos da vida completamente ignorados por muitos defensores da anistia para imigrantes é que a livre circulação internacional de pessoas é diferente do livre comércio internacional de bens.

Comprar carros ou câmeras de outros países não é o mesmo que admitir pessoas desses países ou de outros países. Ao contrário de objetos inanimados, pessoas têm culturas, e nem todas as culturas são compatíveis com a cultura neste país que produziu tais benefícios para o povo americano por tanto tempo.

Não só os Estados Unidos, mas o mundo ocidental em geral, têm descoberto da maneira mais difícil que aceitar pessoas com culturas incompatíveis é uma decisão irreversível com consequências incalculáveis. Se não enxergamos isso depois dos recentes ataques terroristas nas ruas de Boston e Londres, quando será que enxergaremos?

E, para finalizar, Sowell critica os "libertários doutrinários", aqueles que não conseguem enxergar a realidade por trás de abstrações teóricas e motivações puramente econômicas, e que acabam por ignorar por completo motivações religiosas/ideológicas além de fatores culturais que acabam por destruir sociedades.

Do artigo Newt's 'humane' immigration policy [9] (Política de imigração "humana" de Newt):

Os libertários mais doutrinários vêem os benefícios do livre comércio internacional de bens e estendem o mesmo raciocínio à livre circulação internacional de pessoas. Mas os bens não trazem uma cultura com eles, nem dão à luz outros bens para perpetuar essa cultura.

Por que as pessoas querem vir para a América? Porque a América lhes oferece algo que seus países não têm. Este país tem uma cultura que tem produzido um padrão de vida melhor e uma vida mais livre do que a de muitos outros países.

Quando você importa pessoas você importa culturas, incluindo culturas que têm sido muito menos bem sucedidas em proporcionar vidas e meios de subsistência decentes. O povo americano tem o direito de decidir por si mesmo se quer importações ilimitadas de culturas de outros países.

No passado imigrantes vieram para a América para se tornarem americanos. Hoje, os apóstolos do multiculturalismo e do grievance mongering fizeram seu melhor para manter imigrantes alheios a cultura nativa e, se possível, ressentidos. Nossas próprias escolas e faculdades ensinam [este tipo de] ressentimento.

Os países europeus aprenderam da pior forma como importações maciças de uma cultura estrangeira podem minar sua própria cultura, polarizar sua população e criar perigos internos que são irreversíveis. O arrepiante e perspicaz livro "Mexifornia" de Victor Davis Hanson mostra padrões semelhantes na Califórnia.




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